Recolha
«Ao “cheirar” a Entrudo…
O Entrudo em Pitões das Júnias é uma celebração que marca a vivência das pessoas. Desvalorizado durante alguns anos ressurge no início do século XXI com um desfile de máscaras pelas principais ruas da aldeia. Referimo-nos mais precisamente aos anos 2006, 2007 e 2008 em que o desfile não tinha tema ou rigor, as pessoas disfarçavam-se como queriam. Ainda assim, havia os que resistiam e mantinham a sua tradição mascarando-se de careto ou farrapão como sempre tinha sido. Estavam na iminência de desaparecer.
Fotografias cedidas por Ricardo Moura
Em 2009 introduziu-se uma novidade, a I Mostra de Produtos Típicos de Pitões. Esta acontece, a partir desse ano e até 2020, durante o fim-de-semana que antecede o dia de Entrudo. Entre 2009 e 2013 no Domingo Gordo fazia-se uma matança do porco publicamente; no dia de Entrudo mantinha-se o desfile e o dia terminava com um lanche comunitário para os locais e os visitantes.
Foi em 2014 que a organização decidiu terminar com o desfile pela aldeia e com a matança do porco (pública), mantendo apenas a Mostra de Produtos Típicos de Pitões. Celebrava-se novamente o Entrudo da forma mais tradicional pois tornava-se urgente a sua salvaguarda enquanto património da aldeia. Foi o retorno do Fiadeiro, dos Farrapões e dos Caretos como protagonistas. Novamente se valorizavam os dias próprios deste entrudo. No sábado que antecede o Entrudo é o dia das filhoses- o Sábado Filhoeiro, Domingo Gordo é dia do pastor, na segunda-feira é dia da gastronomia local – “Hora da Bucha” e, finalmente, terça-feira é dia de Entrudo. Diariamente locais e visitantes concentram-se no Eiró, forno do povo e pólo do ecomuseu para comemorar o entrudo à moda de Pitões, o que já não acontecia há alguns anos. Emocionante para alguns e assustador para outros, o aparecimento dos Farrapões e caretos é sempre esperado, no entanto, eles só aparecem “quando lhes apetece”.
Em 2019, valorizou-se mais um dia associado ao Entrudo de Pitões das Júnias, o Domingo Magro. A Associação Para o Desenvolvimento de Pitões – APDP entrevistou várias pessoas de diferentes faixas etárias acerca do Entrudo, afirmava o Patorro: «Ao “cheirar” a Entrudo, de Domingo Magro a Terça-feira de Entrudo tocavam-se ao desafio cornos durante a noite. Se um tocava à janela de outro, este respondia”. Os cornos tocavam-se em vários pontos da aldeia para desafiar as pessoas para o Fiadeiro.
Em 2020 numa das reuniões com o objetivo de organizar o Entrudo foi aceite a proposta para que as pessoas voltassem a dançar na corte, proposta esta muito bem recebida e a corte da Joaquina foi preparada para tal. As pessoas dançaram e os Caretos e Farrapões apareceram em força com o protagonismo que lhes é merecido. Neste ano, no pólo do Ecomuseu, foi organizada uma exposição de fotografia sobre máscaras – “O mundo da máscara” de Mercedes Vasquez Sáavedra, grande impulsionadora do Entrudo tradicional. Surgiu ainda a ideia de se fazer o fiadeiro numa corte à moda antiga, talvez em 2022 (preparem as galochas).
As condições sanitárias no início de 2021 não permitiram que se celebrasse o Entrudo. Sendo assim, a organização teve de inovar e organizou o I concurso de “Caretos e Farrapões à moda de Pitões”.

Moda de Pitões das Júnias: “Voltinhas do Gerês” cantada pela Sra. Teresa do raposo
Classificação
Igreja e Ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias
Património Imóvel
Classificado como MN – Monumento Nacional
Categoria / Tipologia: Arquitetura Religiosa / Mosteiro – Itinerário de Cister
Webgrafia e links úteis:
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4170
https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2131.pdf
https://www.rtp.pt/play/p5656/e435750/visita-guiada
Recolha
Tear
As figuras seguintes mostram em esquema os teares do Barroso e são retiradas do livro Etnografia Transmontana de António Lourenço Fontes e do livro Esboço de Monografia Etnográfica – Pitões das Júnias de Manuel Viegas Gerreiro.
No Outono em Pitões das Júnias os serões são longos, há mais tempo para que os pitonenses se dediquem a outros trabalhos para além da agricultura e da pecuária. “Há sempre o que fazer”. No caso específico das mulheres, uma das atividades usual nos serões da década de 70 era fiar, urdir e tecer. Das ovelhas tirava-se a lã para tricotar meias e tecer mantas, tapetes, colchas e aventais. Na atualidade poucas mulheres desta aldeia se dedicam a tais trabalhos. Trabalham a lã para fazer meias e tecer aventais no caso de terem alguma encomenda. Em conversa com o Sr. António, mais conhecido por Preto este dizia-me que: ” No meu tempo tecia-se no Outono, Inverno e Primavera; cada mulher tecia na sua casa e quando não tinha tear ia tecer no da vizinha. Os aventais usaram-se sempre mais do que as capas de Burel (Pitões das Júnias não tem pisão), quem fazia uma era para a vida toda; na década de 50 as capas eram levadas para pisoar nos Pisões. Fazer uma capa dava muito trabalho era preciso fiar a lã, juntar os fios e torcê-los para que ficassem mais grossos tarefa bastante demorada que se perdeu devido ao aparecimento do burel de fábrica. Os teares começaram a desaparecer na década de 80”.Nos dias de hoje existem alguns teares em Pitões das Júnias. Na Corte do Boi existem dois que podem ser utilizados pelas pitonenses.